← Back

A luta no caminho de um sonho

Há seis anos em São Paulo, Juscelino Blat, 29, nascido em Fortaleza (CE), conheceu a luta por moradia através de sua cunhada. Com problemas para pagar o aluguel praticado na cidade, há um ano ele aceitou o convite para participar de uma reunião da Frente de Luta por Moradia (FLM), buscando um sonho nunca alcançado: a casa própria.

Trabalhando e morando em Heliópolis, o cearense – que hoje atua na área de construção civil – revela ter passado por dificuldades: “É dolorida a busca por boas oportunidades. Consegui trabalhar por algum tempo na área de imóveis planejados, mas logo a empresa faliu”.

Sua história no movimento começou com a entrada para o grupo de base, quando participou das primeiras reuniões. Logo a oportunidade de ter uma moradia surgiu. Um prédio na Rua José Bonifácio, na altura do número 237, seria ocupado e o convidaram para fazer parte.

“Desde então, não saí mais”, relembra Juscelino, antes de explicar a transformação de sua opinião ao fazer parte da ocupação. “Antes, imaginava que as ocupações eram uma bagunça e só pude entender o contrário aqui dentro. Tudo funciona em ordem, de maneira organizada e tranquila.”

Com uma filha pequena, ele acredita que a dedicação ao movimento é o meio mais importante para garantir um lugar digno para a sua família. “É duro de entrar, mas também é complicado se manter aqui respeitando todas as regras. Quem entra, deve estar interessado e aproveitar a oportunidade que recebeu. A luta é difícil, mas temos que nos esforçar”, pondera.

Consciente da importância da mobilização, Juscelino busca propagar informações acerca da ocupação o quanto pode. “Eu aviso ao pessoal do trabalho que o aluguel é um dinheiro sem volta. A minha vida melhorou muito sem ter de lidar com essa despesa. Tento deixar claro que esse pode ser um bom caminho para eles.”

Ele garante que auxiliar àqueles que precisam de moradia é uma de suas motivações para continuar nesta luta. “As pessoas merecem ter a sua casa própria e o governo não dá oportunidade para todos. Muitas vezes, quem não possui um bom emprego é discriminado no Brasil”, desabafa.

Texto originalmente publicado em novembro de 2013, no site do projeto Centro Ocupado. Esta foi uma iniciativa acadêmica que, durante aquele ano, mapeou as ocupações em prédios nos distritos da Sé e República, no centro de São Paulo. Além do levantamento de dados, a equipe realizou entrevistas com moradores e lideranças dos movimentos de moradia, no intuito de contar as histórias presentes naquele contexto.